sábado, novembro 12

Profundo

Não fique assim, não. Vai passar! Eu sei como dói, é horrível. Eu sei que parece que você não vai aguentar, mas aguenta. Sei que parece que você vai explodir, mas não explode. Sei que dá vontade de abrir um zíper nas costas e sair do corpo, porque dentro da gente, nesse momento, não é um bom lugar pra se estar. Dor é assim mesmo: arde, depois passa. Que bom. Aliás, a vida é assim: arde, depois passa. Que pena. A gente acha que não vai aguentar, mas aguenta: as dores e a vida! Pense assim: agora tá insuportável, agora você queria abrir o zíper, sair do corpo, encarnar numa samambaia, virar um paralelepípedo ou qualquer coisa inanimada, anestesiada, silenciosa. Mas agora já passou. Agora já é dez segundos depois da frase passada. Sua dor já é dez segundos menor do que duas linhas atrás. Você acha que não, porque espera a dor passar. Esperar a dor passar é como olhar um transatlântico no horizonte estando na praia. Ele parece parado, mas aí você desvia o olho, toma um picolé, lê uma revista, dá um pulo no mar e quando você vai ver, o barco já tá lá longe! A sua dor agora, essa fogueira na sua barriga, esse chumbo na garganta, essa sensação de que pegaram seu estômago e torceram como uma toalha molhada, isso tudo - é difícil de acreditar, eu sei - vai virar só uma memória, um pequeno ponto negro diluído num imenso mar de memórias. Levante-se daí, vá tomar um picolé, ler uma revista, dar um pulo no mar. Quando você for ver, passou. Agora não dá mesmo pra ser feliz. É impossível. Mas quem disse que a gente deve ser feliz sempre? Isso é uma bobagem. Como cantou Vinícius: ‘É melhor viver do que ser feliz’. Porque pra viver de verdade a gente tem que quebrar a cara. Tem que tentar e não conseguir. Tem que achar que vai dar certo e ver que não deu. Querer muito e não alcançar. Ter e perder. Tem que ter coragem de olhar no fundo dos olhos de alguém que a gente ama e dizer uma coisa terrível, mas que tem que ser dita. Tem que ter coragem de olhar no fundo dos olhos de alguém que a gente ama e ouvir uma coisa terrível, mas que tem que ser ouvida. A vida é incontornável. A gente perde, leva porrada, é passado pra trás, cai. Dói, eu sei como dói, mas passa. Tá vendo a felicidade alí na frente? Não, você não tá vendo, porque tem uma montanha de dor na frente. Continue andando. Você vai subir essa montanha, vai sentir frio e cansaço lá em cima. Vai querer desistir, mas você não vai desistir, porque você é forte! E porque depois do topo, a montanha começa a diminuir e o único jeito de deixá-lá pra trás é continuar andando. Você vai ser feliz. Tá vendo essa dor que agora samba no seu peito de salto agulha? Você ainda vai olhá-la no fundo dos olhos e rir da cara dela. Juro que tô falando a verdade. Eu não minto. Vai passar!
Caio F.
Nunca diga ”te amo” se não te interessa. Nunca fale sobre sentimentos se estes não existem. Nunca toque numa vida se pretende romper um coração. Nunca olhe nos olhos de alguém se não quiser vê-lo se derramar em lágrimas por causa de ti. A coisa mais cruel que alguém pode fazer é permitir que alguém se apaixone por você quando você não pretende fazer o mesmo.

Mário Quintana

Eu desabo a todo instante, o mais estranho é saber que o motivo que me faz cair é o mesmo que me faz levantar.
Taline K.

E hoje minhas saudades tem cheiro de ovo. Não, você não está ficando louco, ou isto é um texto cheio daquelas segundas, terceiras intenções. Hoje minhas saudades tem cheiro de bolo, de cozinha, de mãe aflita reclamando que eu sempre estou em atraso, que tenho que levar o lápis e o caderno. Hoje minha saudade tem cheiro de infância, cheiro de confiança, naqueles tempos onde não me tiravam o riso com frases, com orkuts, com mensagens de texto. Do tempo onde a confiança era achada em abraços, onde as lágrimas eram derramadas só em casos, onde a vida, ah, a vida, era tão bonita…, Simplesmente porque era vida, e não imitação, onde todos teimam em tirar o chão, em me negar. Hoje minhas saudades tem cheiro de infância, cheiro de mãe segurando a mão, sem que me tirem o chão. Do tempo onde ela me abria os sanduiches, onde as coisas não eram ricas, mas ainda eram bonitas.
Hoje minhas saudades tem cheiro de ovo, tem cheiro de vida. Hoje a coisa não é mais bonita. Hoje ninguém mais me pega em abraços, não me abre sanduiches. Hoje não tenho mais abraços. Hoje, não tenho mais ninguém. Hoje o passado bateu na porta, e trouxe com o vento o cheiro de ovo, de carinho, de abraço. Só pra me trazer com o cheiro de ovo, o lembrete que a vida um dia foi bonita.

 Sei que, às vezes, uso
Palavras repetidas,
Mas quais são as palavras
Que nunca são ditas?
— Legião Urbana - Quase sem querer


Quando estou completamente só, eu me apego as palavras, porque elas sempre me salvaram e fizeram companhia, até quando não conseguia dizê-las.

Jéssica Paiva.
Isso cansa.
— Que cansa?
— O nada.
— Como o nada pode cansar?
— Não, ele é apenas a consequência.
— Não compreendo.
— Tanto amo, tanto ama e o que dá? Nada. Corro, caio, levanto e o que? Nada. Ultimamente a vida tem sido o nada de nada e é isso que cansa.
— Tristeza?
— Presente.
— Dor?
— Presente.
— Amor?
Silêncio.
— Sempre faltando.

sábado, novembro 5











“Não há grandes dores, nem grandes arrependimentos, nem grandes recordações. Tudo se esquece, até mesmo os grandes amores. É o que há de triste e ao mesmo tempo de exaltante na vida. Há apenas uma certa maneira de ver as coisas, e ela surge de vez em quando. É por isso que, apesar de tudo, é bom ter tido um grande amor, uma paixão infeliz na vida. Isso constitui pelo menos um álibi para os desesperos sem razão que se apoderam de nós”.
Caio Fernando Abreu 





E mais e mais ...

quarta-feira, novembro 2


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Odeio Circo. Aliás, odeio tudo que me encanta e depois vai embora
— Caio Fernando de Abreu
O amor é a gasolina da vida .
Custa caro, acaba rápido e pode ser substituído por álcool.


" Gosto de pessoas doces,
Gosto de situações claras,
e por tudo isso,
ando cada vez mais só ."

Caio F. Abreu